desde que eu terminei meu último relacionamento eu nunca mais me encontrei com o amor.
cheguei a reconhecê-lo de longe,
encontrei em algumas esquinas,
mas nunca mais sentamos lado a lado.
por algum tempo eu não entendia qual era o problema.
sabia que era exigente demais por não querer amar "un poco",
mas o amor também parecia exigente demais comigo.
dia vinte e dois eu me dei conta de que eu não reconheci o amor de longe
e de que eu não o encontrei em algumas esquinas.
eu cheguei a vê-lo com outras pessoas, em outros encontros.
eu cheguei a chamá-lo pra sair,
tentei convidá-lo pra ver um filme,
ir à uma cachoeira,
mas ele nunca veio.
hoje eu vejo que ele não me deu chance.
o amor não me reconheceu mais
e não quis me conhecer novamente.
não é que o amor não quis ir embora comigo depois do jantar,
é que ele nem foi jantar comigo.
hoje é dia vinte e dois e eu percebi que não foi o amor que me negou
foi alguém que se fantasiou dele e que me deixei enganar
foi alguém que se parecia muito com ele,
mas não chegava perto dele.
hoje é dia vinte e dois e eu não desisti do amor.
eu sei que ele anda por aí, me procurando também
enquanto não nos encontramos, caminharei só
pois ando sozinha, mas ando muito bem
foi, e ainda é, uma aventura tremenda.
um abraço forte.
quinta-feira, 22 de agosto de 2019
domingo, 18 de agosto de 2019
ensaio sobre autonomia
há uns tempos atrás eu assisti um ensaio sobre autonomia a convite de uma amiga que iria apresentar.
não entendi logo de cara sobre o que se tratava e não consegui ninguém pra ir comigo.
fui sozinha.
foi o primeiro evento a que fui desacompanhada.
há uns tempos atrás eu esperava que alguém me salvasse de mim
que alguém aparecesse e me cuidasse
que alguém me orientasse e me olhasse, como antes não fui
mas ninguém fez isso
há uns tempos atrás a minha casa caiu.
meu corpo desabou junto às minhas dores
caímos e não sei até hoje pra onde fomos
a única coisa que eu sei é que era eu quem estava lá
fui eu quem me resgatei
levou tempo pra me curar, é fato. mas fui eu quem me olhei, me cuidei e me levantei
eu sei que eu estou machucada de novo.
mas, dessa vez, não foi a queda bruta.
dessa vez foi o processo, lento e doloroso, de me entender só
de entender que ninguém consegue me dar o colo que eu quero
e que isso traz junto a sensação de ser solitária.
eu já tinha entendido a minha força pra me reestabelecer,
mas não tinha entendido a dor de ficar em pé.
acho que o ensaio sobre autonomia significa, então, ficar em pé
uma vez que você encontra suas pernas
nenhum colo mais é suficiente,
porque nenhum é o seu
e dói. porque ficar em pé sem apoio dói.
mas as pernas se fortalecem.
e existem diversas formiguinhas lá embaixo torcendo por você.
elas não conseguem te manter em pé, mas elas não te deixam mais cair.
acho que é esse o significado da autonomia. formiguinhas se multiplicando.
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